1 de out. de 2015

O MARIANISMO MARANHENSE E SUAS EXPRESSOES NO CULTO MARAIANO

Por Henrique Baltazar

              O marianismo presente na região maranhense, especificamente na região litorânea da Diocese de Zé Doca, possui grandes influências da devoção popular trazida através de promesseiros do Estado do Pará. O culto prestado à Maria, chamada de Nossa Senhora de Nazaré, se traduz na realização dos chamados “Círio de Nazaré.”
             O nome origina-se da grande vela do círio pascal que era acesa e levada na procissão noturna que conduzia a imagem de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará, da sua Basílica para a Catedral Metropolitana.
             A História do Círio de Nazaré em Belém tem início a partir do achado de uma imagem de Nossa Senhora por um caboclo chamado Plácido, no local que, há 222 anos atrás, havia apenas um igarapé chamado de Murucutu e onde hoje se localiza a Basílica Santuário de Nazaré. A cada ano esta procissão do Círio em Belém aumenta em número de participantes de diversas partes do mundo.
              Em Estandarte (Comunidade do Município de Candido Mendes, localizada na região de praias), há 87 ano, uma promesseira do Círio de Belém, chamada Maria Antônia, que veio morar em Estandarte, iniciou a devoção à Nossa Senhora de Nazaré, através de uma procissão que saiu, no final da tarde do dia 13 de agosto da Capelinha de Nossa Senhora do Livramento (localizada no bairro do Alto) para o Sítio da Sra. Valentina Queiroz, iluminada por balões de velas, de onde voltou no dia seguinte (14) pela manhã bem cedinho, retornando para a referida capela.
             Com o passar do tempo e das gerações, esta festa religiosa dos católicos nesta vila foi assumida por outras famílias que a cada ano se revezavam na organização deste evento. Dizem os antigos que a Sra. Maria Antônia ficou à frente da organização e realização desta festa por vários anos e a partir daí várias coordenações do círio foram se sucedendo, sendo até hoje a coordenação da comunidade católica é quem organiza e realiza este grande e festivo evento, juntamente com o povo católico da vila, fazendo-se presentes também os filhos e amigos da terra espalhados por Belém, São Luís, Bragança e outras cidades. O Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Estandarte acontece sempre no mesmo dia: 14 de agosto.
             Esta festa cresceu muito e sofreu várias alterações, sendo incluídas outras atividades, como acontece atualmente com as peregrinações que iniciam a quadra nazarena no final do mês de julho com terços e ladainhas realizadas pelas famílias, e a partir do dia 06 até o dia 12 de agosto acontecem as novenas bastante festivas com alvoradas, café da manhã, orações, missas leilões e celebrações. E, assim, a festa dedicada à Nossa Senhora de Nazaré a cada ano vai ganhando forma e peculiaridades, sem mudar o seu grande objetivo que é louvar a Mãe de Deus.
            O ponto alto se realiza nos dia 13 e 14 com uma extensa programação, já com a presença em grande massa do povo, do pároco, de padres filhos da terra, convidados e do ministério de música da paróquia. No dia 13 pela manhã ou conforme o horário da maré, a procissão marítima conduz a imagem em procissão com várias embarcações pelo Rio Santa Cruz que circunda a Ilha Estandarte, à tarde são realizados os batizados e à noite a missa com casamentos e em seguida a trasladação da imagem da Virgem Maria para a Capela do Sagrado Coração de Jesus. No dia seguinte (14) pela manhã cedo é realizada a grande procissão – o Círio – que encerra com a Missa na Praça Nossa Senhora de Nazaré.
              A berlinda é carregada pelos fieis sendo conduzida pelas ruas e por uma corda puxada pelo povo até chegar à praça onde se realiza a missa campal, a consagração e a benção final com a imagem. A berlinda é enfeitada com flores e o manto bordado com pedrarias, lantejoulas, fios dourados entre outras especiarias, sendo ambos doados por promesseiros filhos da terra.
             Uma semana depois é realizado o Recírio, uma procissão que há 5 anos passou a fazer parte do calendário das festas deste evento de Estandarte, com o objetivo de separar as atividades religiosas das mundanas que chegavam a tumultuar e prejudicar as atividades do dia 15 que era destinado ao dia da Padroeira de Estandarte, visto que é um dia santo (dia da Assunção de Nossa Senhora). Atualmente o Recírio é a última homenagem do povo à Maria neste período dedicado ao culto mariano.
             Nos últimos anos tem se travado uma grande batalha para separar as atividades religiosas das atividades profanas, cujo barulho dos grandes sons da região chamados de aparelhagens, a venda e o consumo de bebidas alcoólicas atrapalham a realização das atividades da Igreja, ao mesmo tempo em que contradizem com o grande objetivo do evento que é conduzir os fiéis a um verdadeiro encontro com Jesus por meio de Maria.
          O Círio de Nazaré une e reúne as famílias, parentes e amigos que moram longe e que aproveitam o período do Círio para se confraternizarem. É também um momento de alegria e renovação da fé católica, não deixando de ser um lindo tempo de evangelização, além da exposição cultural e artística da ilha.
              Como se observa, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré em Estandarte tem o seu formato próprio, mas seguindo o modelo do grande evento de Belém com suas atividades religiosas e culturais.
            Algumas fotos a seguir ilustram este texto, demonstrando a expressão dos filhos de Estandarte com o compromisso de fazer do culto à Maria um caminhar para Deus.






  
 
 






12 de mar. de 2015

7º SEMINÁRIO DE EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE DE ESTANDARTE

O 7º Seminário de Educação e Meio Ambiente de Estandarte, com o tema “Conhecendo a História para Preservar a Ilha: comunicando saberes para multiplicar consciências”, realizado em Estandarte no período de 06 a 09 de março de 2015, como um dos importantes eventos da Associação de Preservação Ambiental e Cultural de Estandarte (APAES), foi 100% positivo, um momento de grande relevância na Ilha que superou todas as expectativas da coordenação.
Sob a coordenação das Professoras Iolanda Miranda, Maria de Jesus Mendes e Edna Miranda, este seminário, contou com a presença de 83 participantes, entre professores, alunos e comunitários que, durante quatro dias, mudaram o cenário de Estandarte.
Como em todas as versões já realizadas anteriormente, este seminário teve como objetivo geral levar os participantes a refletirem sobre as questões de degradação ambiental de Estandarte e das demais comunidades vizinhas (depredação do patrimônio ambiental e cultural, lixo, derrubada das árvores, queimadas, poluição dos igarapés e orla etc.), através do conhecimento da história e da comunicação, a fim de os moradores tomarem atitudes para a proteção ambiental. E como objetivos específicos elencou-os seguintes:
  Promover um grande encontro onde seja debatida, refletida e trabalhada a grande questão ambiental.
  Discutir com os educadores propostas pedagógicas para serem trabalhadas em sala de aula, a fim de formar uma nova conduta dos estudantes e suas famílias diante dos problemas ambientais na comunidade.
  Discutir com os alunos e a comunidade temas ambientais para uma conscientização coletiva a fim de que todos tornem-se multiplicadores de saberes à formação de consciências para reverter a degradação ambiental em Estandarte e a diminuir os impactos com o lixo nos espaços públicos.
Como metodologia para trabalhar os temas ambientais e educacionais foram desenvolvidos: curso, palestras, oficinas, exibição de filmes, grupos de trabalho (GT), caminhada ecológica e debates. Os participantes formaram 04 GT e produziram documentos que foram socializados e seguidos de propostas para resolução dos problemas.
Os Ministrantes foram os Mestres Élida Fabiani de Cristo e Jorge Oscar Miranda, ambos da Universidade Federal do Pará, que realizaram um excelente trabalho, cujas atividades se desenvolveram por meio de um curso, palestras, debates, filmes, oficinas e caminhada, conforme programa a seguir:










PROGRAMA:
àDia 06/03/2015
Manhã10 às 11h
-Credenciamento, Abertura e Apresentação dos Professores Ministrantes do Seminário e do tema: Conhecendo a História para preservar a Ilha
Tarde 14:30 às 18h
-Palestra: Formação do cidadão para a preservação do meio ambiente da Ilha – uma perspectiva sócio-histórica e comunicativa – 09 às 11h
Noite 19 às 20h – exibição de filme e debate
àDia 07/03/2015
Manhã 08 às 12h e
Curso: História, Educação Ambiental e Comunicação: Planejamento, Temas Geradores, Interdisciplinaridade/ Transversalidade
Tarde 14 à 18h
14 às 16h: Curso: História, Educação Ambiental e Comunicação: Planejamento, Temas Geradores, Interdisciplinaridade/ Transversalidade (continuação)
16 às 18h: Formação de Grupos de Trabalho (GT): Preparação de propostas de trabalhos para exercer a cidadania nas comunidades
Noite 19 às 20 – exibição de filme e debate
àDia 08/03/2015
Manhã 08 às 12h
08 às 09h: Caminhada ecológica para observação do meio ambiente e dos principais pontos de impacto ambiental
09 às 10h - Momento Especial – Homenagem às mulheres pelo dia dedicado a elas
10 às 12 – Oficina pedagógica: Preparação de material didático sobre educação ambiental para o ensino infantil, fundamental e medido
Tarde 14 às 17h
Oficina pedagógica: Preparação de material didático sobre educação ambiental para o ensino infantil, fundamental e médio
Noite 19 às 21h – Exibição de Slides sobre Estandarte
– Apresentação do patrimônio cultural e ambiental de Estandarte
àDia 09/03/2015
Manhã 08 às 12h
- Apresentação das produções dos GT e debate
Tarde 14:30 às 18h
- Encerramento, avaliação, agradecimentos e entrega de certificados.
Como propostas resultantes deste evento, foram elencadas: a necessidade de um aterro sanitário que será levado ao conhecimento da administração municipal; a elaboração de projetos escolares com temas transversais sobre a questão ambiental para serem trabalhados em sala de aula; e realização de um trabalho de conscientização à população através dos meios de comunicação das comunidades envolvidas

O Seminário foi um momento para falar do patrimônio ambiental e cultural de Estandarte já bastante degradados e possibilidades de reverter esse quadro degradante, quando foi também distribuído o livro “Estandarte, a Bela Ilha: resgatando sua história da origem à atualidade” entre os participantes. As comunidades Estandarte e Barão de Tromaí fizeram do evento um momento de partilha e amizade, comprometendo-se em debater nas escolas a questão ambiental, chamando a atenção para a necessidade urgente da preservação ambiental nas comunidades.